O Esta noite grita-se é um Festim de leituras interpretadas de peças de teatro. Começou informalmente, após um processo de seleção de textos em 2016, com apresentações públicas no início de 2017, mostrando o encanto da equipa da Cepa Torta pela leitura dos textos e evidenciando o potencial do texto dramático sem recurso à encenação. Assim, tentaram ouvir de perto as palavras dos autores, procurando uma maneira diferente de dizer e fazer escutar.
BILINGUE, de José Maria Vieira
Neste texto de 2015, o autor espelha a angústia que sobra do período pós-dramático: “Afastemos o nevoeiro da ironia com ajuda do real. Onde está ele? O que sobrou depois da destruição?”. É de um texto pós-catástrofe que se trata. Fragmentado, com personagens apenas identificadas por letras, sem género definido, o drama decorre entre cenas onde não existem indicações cénicas, que poderiam passar-se em qualquer lugar e em que a retórica nos lembra constantemente que os significantes não são os significados e que as emoções que sentimos e que tentamos descrever são, na verdade, diferentes para cada um de nós. O brilhantismo na maneira como a forma contamina o conteúdo e o cinismo presente no confronto das personagens, criam as condições para que o texto promova uma profunda reflexão sobre as questões da identidade e do seu reflexo na produção artística dos nossos tempos.
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BOA NOITE, MÃE de Marsha Norman
Esta peça, escrita em 1981, estreou em 1983 no American Repertory Theatre, tendo permanecido um ano em cena e valido a Marsha Norman um prémio Pulitzer de teatro. Trata-se de um drama intenso e claustrofóbico, relatando a noite em que uma mulher divorciada e que sofre de epilepsia resolve contar à sua mãe e companheira de casa, que se irá matar. A conversa entre as duas mulheres, de um sofrimento latente, revisita o passado acordando velhos fantasmas e fazendo revelações. É assumidamente um texto catártico, que quer implicar o espectador na agonia deste par trágico que algures no passado trilhou o caminho para a fatalidade que se aproxima. Na tradição americana de nomes como Tennessee Williams ou Sam Shepard, Marsha Norman conduz o foco dramático de forma irrepreensível, levando-nos a querer constantemente interromper aquela conversa, a querer fazer perguntas, enfim, a procurar saber também como fazer para alterar o destino.
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Artista: Companhia Cepa Torta
Género Artístico: Teatro
Classificação etária: BILINGUE - M/12 | BOA NOITE, MÃE - M/18
Apresentação em Territórios ARTEMREDE:
BILINGUE - MOITA Fórum Cultural José Manuel Figueiredo | 27 de março de 2021, sábado, às 21:30 - Transmissão Online no Canal Youtube do Município da Moita
BOA NOITE, MÃE - ALMADA Convento dos Capuchos | 17 de setembro de 2021, sexta-feira, às 21:00
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
BILINGUE
Texto José Maria Vieira Mendes Direção Miguel Maia e Filipe Abreu Interpretação Filipe Abreu Leonardo Garibaldi Luís Gonzaga Moreira Miguel Feraso Cabral Patrícia Deus
BOA NOITE, MÃE
Tradução Ângela Pinto Direção Filipe Abreu e Miguel Maia Interpretação Lucinda Loureiro, Maria João Falcão e Miguel Maia Produção Companhia Cepa Torta Fotografia Sónia Godinho Fotografia Comunicação e assessoria de imprensa Mariana Santos Design Edoardo U. Trave (com o apoio de Ana Maia Marques) Apoios / Parceiros Câmara Municipal de Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, BLX - Bibliotecas de Lisboa, Junta de Freguesia de Marvila, One your first stop, Antena 2, Inquietarte e Tenda Produções
Um agradecimento à Tenda Produções - cuja tradução da Ângela Pinto, que aqui lemos, estreou em 2017 no Teatro da Trindade INATEL.
Informações e Bilheteiras
ALMADA
Reservas: (+351) 212 919 342 | capuchos@cma.m-almada.pt
A aquisição de bilhetes deve ser feita nas bilheteira habituais de cada espaço de apresentação. Recomendamos que se informe atempadamente sobre a aquisição de bilhetes para os contactos disponibilizados abaixo.
Agradecemos a colaboração de todos para seguirem as normas e recomendações indicadas pelos responsáveis de cada espaço de apresentação.
Bom espetáculo!
Imagens © Sonia Godinho Fotografia